O prestígio e a confiabilidade da classe política brasileira encontram-se, profundamente, abaladas perante a maior parte da população de nosso país.
Não há como negar que os inúmeros casos de corrupção envolvendo a classe política de nosso país, divulgados amplamente pela mídia, contribuem deveras para reforçar esse descrédito.
Mas, talvez, o que seja capital perceber é uma cultura política, fundada no paternalismo e no particularismo, enraizada nesse país desde há muitos anos. Esses homens políticos foram e, lamentavelmente, muitos deles continuam sendo forjados no seio de um pensamento político nada democrático e, menos ainda, progressista. Esses homens não se colocam uma tarefa, um dever público-democrático ao se candidatarem. Na verdade, muitos deles estão comprometidos com outros ideais, com outros domínios ideológicos; estarão no poder para exercê-lo, muitas vezes, contra os interesses e as causas daqueles que lhes deram o mandato. E ao que parece, esse quadro desolador tem ficado cada vez mais claro, se não, escancarado, para a população em geral.
Ademais, aliada a essa questão está a impunidade daqueles denunciados por improbidade política, digamos assim. Seus próprios pares julgam esses homens e, mantendo outra característica danosa de nossa cultura social – o corporativismo –, os absolvem, os isentam de qualquer crime. No que o fazem, fortalecem uma cultura política de conservadora e recrudescem as fileiras de cidadãos desacreditados da classe política brasileira. Ou ainda, muito pior, levam esses cidadãos a desacreditarem da política enquanto atividade social e humana fundamental para a construção de uma sociedade democrática e equânime.
Creio mesmo ser essa a pior das facetas ou resultados dessa problemática. Um cidadão que deplora a política e inicia um processo de negligência em relação a essa atividade, está absolutamente a mercê daqueles que, hoje, mostram-se indignos de sua confiança e prestígio.
Como consequência, muitos cidadãos passaram a tomar a atividade pelo seu executor. É como se a política fosse em si mesma uma instituição depreciativa, maculada, “suja”. Não é a política que faz dos políticos pessoas corruptas. São eles, corruptos, que mancham a imagem da política. Se a política é torpe é porque os homens políticos são torpes. Se a política é ignominiosa é porque os homens políticos se portam de modo desonroso. E aqui, não poderemos deixar de mencionar que nós, cidadãos-eleitores, quer queiramos ou não, também somos homens políticos.
Sim... Parece que estamos diante de uma encruzilhada. Resta saber, como sair dela... Quem poderá, pois, salvar a política dos maus políticos? Quem?
Adriana B. Fernandes
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